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Talheres sempre a mesa?

A evolução do uso dos talheres e seu impacto na higiene e saúde das pessoas

Acessórios de Cozinha

Atualizado em 29 Dez 9

3 min de leitura

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Na pré-história, a necessidade de sobreviver pela caça levou o homem a desenvolver instrumentos com pontas afiadas com capacidade de ferir e abater seu oponente. Lanças, machados e facões com pedras amoladas foram os antepassados dos talheres.

Aproximadamente 3.000 a.C. o homem passou a fabricar tais utensílios com bronze, o que possibilitou atividades culinárias como descascar frutas. Muito tempo se passou até que os romanos desenvolvessem a lâmina de aço.

Durante séculos, as facas e colheres foram utilizadas apenas no preparo dos alimentos. Quando a comida era servida, todos se deliciavam com as mãos. Na época, toda refeição era considerada uma dádiva dos céus e, por isso, deveria ser tocada. Assim, os talheres podiam ser utilizados para preparar e servir um banquete, mas não durante a refeição em si.

Adaptada às circunstâncias, a lâmina que vencia mamutes se diversificou em vários tipos de facas, tendo cada uma sua indicação exclusiva de uso. Dessa forma, surgiram as facas usadas em rituais religiosos, na caça, na cozinha e, muito tempo depois, na mesa.

Quanto as colheres, existem registros arqueológicos de objetos com mais de vinte mil anos muito semelhantes às colheres utilizadas atualmente. Sua fabricação provinha de madeira talhada, marfim e até conchas de moluscos.

Como os talheres chegaram à mesa?

Não há como atribuir a criação do garfo, faca ou colher a uma determinada pessoa ou povo. Acredita-se que os primeiros talheres tenham surgido ainda no século V, tendo seu uso adaptado continuamente até o século XI. Pelos registros históricos é possível apenas identificar precursores das boas maneiras que muitas vezes eram condenados por tal inovação.

Como, por exemplo, a filha do imperador bizantino Constantino X, princesa Teodora Dukai Ana Comnena, que, no século XI, casou com Domenico Selvo, Doge de Veneza. Seu hábito de espetar pequenos pedaços dos alimentos ? previamente partidos por seus serviçais - com uma espécie de garfo de duas pontas repercutiu mal em toda Itália. Afinal, para os religiosos, o objeto lembrava a arma com a qual os condenados ao inferno eram maltratados pelo demônio. Algum tempo depois esta mulher foi acometida por uma grave doença que provocou gangrena em várias partes de seu corpo. Seu sofrimento e morte foram encarados como um castigo divino pela ousadia de seu costume às refeições.

Foram necessários muitos séculos para que os talheres, de fato, fossem aceitos a mesa. Coube aos franceses incentivarem as normas de etiqueta. Em 1530, Caterina de Médici, futura rainha da França, levou ao país seu enxoval com garfo, faca e colher. Muitos anos depois, Luís XIV instituiu o uso dos talheres em seus banquetes. Somente no século XIX o trio ultrapassou as barreiras da nobreza.

Foi nesta época que o garfo passou a ter três dentes, sendo modificado novamente em 1880 com a inclusão de mais um dente que transformou o talher no utensílio que conhecemos hoje.

Do outro lado do mundo

A história dos ?talheres? orientais é bem diferente. Chamado de hashi (japonês) ou k'uai-tzu (chinês), os ?pauzinhos? que dão tanto trabalho para os iniciantes ocidentais na gastronomia do sol nascente surgiram no século IV.

Inspirado no bico de um pássaro, inicialmente, este utensílio era dobrado como uma pinça para levar o alimento à boca. Ossos, marfim, bambu, metais e madeira em geral são utilizados para a fabricação do talher oriental que mede entre 21 e 36 centímetros e varia de formato. Existem modelos quadrangulares em toda extensão, enquanto outros afinam de uma ponta para a outra.

O fato é que, em termos de função, os talheres dos dois lados do mundo se assemelham, pois seu objetivo primordial é preparar e consumir o alimento com higiene.