O ser humano é um grande criador de idéias, mas visto que não somos perfeitos nossas idéias também não o são, encontram-se em constante mutação. Verdades provisórias, de Nelson de Oliveira, traz ensaios que tratam da falência das verdades absolutas principalmente no plano da literatura brasileira. Na imprensa cultural, seja ela veiculada pela tevê ou pelo jornal, as verdades absolutas imperam absolutamente e ninguém parece dar-se conta de seu fracasso secular.O livro apresenta ensaios — por vezes bem humorados — sobre as revistas literárias, o mercado editorial brasileiro e internacional, a crítica universitária e a crítica jornalística, a língua portuguesa, o homem comum no romance nacional, entre outros temas. Mas, na verdade, Oliveira não gosta de usar o termo ensaio para designar seus escritos não ficcionais. Se a coletânea anterior, intitulada O século oculto (Escrituras, 2002), reunia o que o autor chama de crônicas passionais sobre literatura, o novo livro passa a reunir seus anseios crípticos.Baseadas em preconceitos de toda ordem, as afirmações categóricas avessas a réplicas multiplicam-se de maneira esquizofrênica. Nada é questionado, tudo é aceito passivamente. No âmbito da literatura, certa moleza de caráter impede que a grande maioria de leitores brasileiros faça frente às convicções européias e norte-americanas, totalitárias e protecionistas, que continuam a afirmar que a literatura feita aqui é de qualidade inferior. No plano da crítica, por comodismo poucos estão dispostos a questionar a validade dos autores canonizados, poucos estão com ânimo de ir contra a corrente. Por que ir contra a corrente? Pelo simples prazer de verificar se os compêndios de literatura estão mesmo com a razão.