Patient Engagement 5.0: Habitus -Digital da Saúde no Século XXI - Scortecci

O biênio 2023-2024 foi surpreendido pelas plataformas generativas de inteligência artificial, que podem favorecer em muito a redução das insuficiências dos Sistemas de Saúde públicos e privados em todo o mundo. Pós-pandemia, as Cadeias de Saúde ainda são lentas em avançar na Metamorfose Digital, sendo pressionadas de maneira única neste século a aumentar e melhorar o acesso aos cuidados clínico-assistenciais. Ou o bioma saúde constrói pontes e caminhos com a biosfera digital ou será asfixiado pelas crescentes curvas demográficas de longevidade, depois de já ter sido colapsado pela Covid-19. A oferta global e nacional de serviços de saúde se distancia cada vez mais da demanda de um mundo com mais de 8,2 bilhões de pacientes. Cadeias de Saúde são presas fáceis no século XXI: não conseguem acompanhar a velocidade das mudanças, não entendem seus novos atributos (alfabetização em saúde, por exemplo), não utilizam com inteligência e eficiência a vasta infosfera disponível, e, acima de tudo, estão cada vez mais apartadas de seus usuários. Estamos em “guerra”. Se nos 16 primeiros meses da invasão ucraniana morreram cerca de 30 mil civis, no mesmo período morreram no mundo mais de 15 milhões de indivíduos devido às doenças crônicas não transmissíveis, com repetição anual e ininterrupta (OMS). Esse é o embate civilizatório decisivo que enfrentaremos até o final deste século. Patient Engagement 5.0 e habitus-digital não são tábuas de salvação, nem um ideário metafísico. São elementos estruturantes da cosmologia social, que já estão presentes e que nos acompanharão por todo o século. Saber entendê-los e utilizá-los será um ganho considerável para não perdermos as batalhas. As ferramentas sociodigitais citadas no livro, como computação em nuvem, blockchain, plataformas metaversas, deep learning, robótica cirúrgica, automação inteligente, computação quântica, bionanotecnologia, entre outras, são componentes imprescindíveis para a saudabilidade individual, bem como para a regeneração dos Sistemas de Saúde. Cada um dos ensaios do livro objetiva investigar o impacto das tecnologias no bioma saúde, como também debater as nuances sociológicas, filosóficas e ontológicas que elas representam para o setor. O século XXI funde os espaços presencial, digital e social numa nova camada: o Figital. Tudo é código, tudo está em rede e tudo pode ser programável dentro da biosfera digital (infosfera). O livro projeta o novo horizonte para a saudabilidade humana, resultado do encontro entre o bioma saúde e a biosfera digital, ambos imersos no mais árduo desafio civilizatório: garantir que mais de 8,2 bilhões de habitantes resistam e superem uma deficien-te e insuficiente rede assistencial. Se “Patient Engagement 5.0” é o éter capaz de produzir resistência e consistência às Cadeias de Saúde e seus usuários, o habitus-digital é o que cada um deles acumula de comportamentos figitais adquiridos, diferenciando-os de todas as outras gerações de sapiens. O engajamento do paciente, propelido pelas plataformas de inteligência artificial, por devices, aplicativos, biossensores e infra-estruturas computacionais, fecunda uma nova lógica médico-assistencial. Dentro dessa dimensão, o habitus-digital disponibiliza uma notável emancipação aos pacientes, sem destruir a sua conexão com os cuidadores. O futuro é concebido como um destino, um horizonte que imaginamos. Mas há também o porvir, o inesperado, aquilo que não podemos prever, e o devir, um processo contínuo de transformação baseado em evidências, estudos e dados que podemos e devemos explorar. A Economia da Saúde rompeu seu “prazo de validade”, precisando evolucionar e discutir um novo mutualismo e uma nova órbita socioassistencial. Engajar não é depender, mas interdepender. Assim, os ensaios aqui publicados exemplificam o futuro do bioma saúde com a biosfera digital, propondo um devir possível, plausível e preferível.